sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Ponto de Situação

Olá a todos!

Para aqueles que aqui vêm parar e não me conhecem, começarei por me apresentar. O meu nome é Paulo, tenho 30 anos e sou enfermeiro.
Este blogue, como podem ler na descrição, tem por objectivo, a partilha de experiências com aqueles que pensam embarcar nesta mesma aventura ou, simplesmente, a partilha de histórias com alguns amigos e familiares.


"O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente"
Ghandi



Começar pelo princípio...

Pois bem, terminado o curso no ano de 2006, começou a busca pelo primeiro emprego. Infelizmente, o cenário não se apresentava fácil. Cada vez mais escolas de enfermagem, cada vez mais alunos formados, cada vez menos concursos e contratações. O tempo das vacas gordas, em que se terminava o curso e se arranjava colocação imediata com privilégio de escolha, já era. Antevia-se a longo prazo, um futuro negro para a profissão mas estava longe de imaginar o que vinha pela frente.
Enviei então os primeiros currículos e, para manter a morada de Coimbra (onde tirei o curso e onde pretendia ficar) fui trabalhar para a Worten. Assim, pensava eu, mataria dois coelhos duma cajadada só. Ajudaria os meus pais com as contas, manteria a morada em Coimbra e, quando abrisse o primeiro concurso, eu gozaria da preferência regional. Como qualquer jovem que acaba o curso superior, estava impaciente e as respostas tardavam. Comecei então a enviar currículos para vários hospitais a nível nacional. Jamais me passou pela cabeça emigrar.
Em Dezembro de 2006, dizia adeus a Coimbra e chegava a Lisboa. Vinha com amigos e colegas. O futuro era prometedor. Vinha finalmente exercer, aquilo para que estudei durante quatro anos, a arte de cuidar. Podia não ser nada mas, à parte disso, tinha em mim todos os sonhos do mundo.
Estava bem acompanhado, a viver e trabalhar com amigos e colegas de Coimbra. Posso dizer que esses foram anos que não esquecerei.
Naquela altura, o salário era razoável. Lembro-me que conseguia ter uma vida desafogada. Havia turnos extraordinários e bem pagos. Conseguia poupar algum dinheiro e até dar-me a alguns luxos de vez em quando. Nada de muito extravagante claro. Havia subsídio de férias e de Natal. As coisas corriam bem...

Atalhando um pouco e muito resumidamente (até porque esta história todos vocês conhecem), no ano de 2008 (se a memória não me falha) chega a tão conhecida crise económica. Lembro-me que os primeiros cortes foram sentidos nas ceias oferecidas aos profissionais no turno da noite. Diminuiu a oferta, a qualidade, e hoje em dia é melhor nem falar de coisas tristes porque a ceia seria um problema menor.
A partir daí e progressivamente, foi um "ver se te avias". Se anteriormente se vivia desafogadamente, actualmente sobrevive-se afogadamente, em impostos, carga horária, sobrecarga de trabalho (por diminuição de recursos humanos), cortes salariais, aumento da idade de reforma, nãos e portas fechadas. 

Porquê emigrar?
Que futuro para mim enquanto enfermeiro, neste país que infelizmente é o meu? Não há uma carreira; não há estímulo nem reconhecimento profissional. Há um futuro condenado à partida. Faz-se um esforço para continuar, assistindo a faltas de integridade, corrupção moral e ausência de valores em pessoas que se movimentam muito bem nos meandros da crise, isto para não falar em situações concretas. Chega o cansaço a exaustão e o medo do futuro. 

Por estes motivos decidi começar a procurar uma nova cidade ( após muita escolha e decisões abortadas acabou por ser Londres) onde me seja permitido tudo aquilo que aqui me é negado. A mim e a tantos outros portugueses.

Na próximo post, tentarei falar-vos da experiência da inscrição no NMC - Nursing and Midwifery Council, como foram as primeiras entrevistas e o que sucedeu após ter ficado com uma oferta de emprego. 

Quero agradecer a todos aqueles que me ajudaram neste processo e a todos aqueles que me dão força para continuar.



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