segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Entrevista no Charing Cross Hospital


28 de Maio de 2014, 10:00 da manhã e lá me encontrava eu para "A" entrevista.

Chegado com a devida antecedência, dirigi-me à ala norte do edifício, como constava do e-mail que me tinha sido enviado pelos recursos humanos. Para poupar tempo, perguntei à recepcionista como fazer para chegar ao décimo andar. Apanhei um de quatro elevadores e cheguei à enfermaria de Neurologia, onde fui recebido pela Neurosciences Matron (uma espécie de coordenadora da área de Neurociências). Muito simpática e afável, apresentou-se e encaminhou-me ao seu gabinete. Informou-me que seria necessário realizar uma prova escrita e, posteriormente, no caso de aproveitamento positivo, seria entrevistado (não foi novidade, uma vez que, esta informação já me tinha sido transmitida pela equipa dos recursos humanos). A prova constava de cálculos simples de dosagens medicamentosas (regras de três simples, reduções) e algumas questões práticas (dos seguintes fármacos escolha dois anti-histaminicos, três anti-hipertensores; se for administrar o fármaco X quais os cuidados prévios que deve ter?; e outras deste género). 
Entretanto, sucedeu-se uma situação caricata. A Matron deu-me a prova e de repente parecia que era ela que ía para a entrevista. Tinha um ar perdido como se não soubesse o que era suposto fazer de seguida.
Fora-me comunicado pelos recursos humanos que seria necessário levar calculadora mas achei por bem perguntar se a podia utilizar. Ela ficou a olhar para mim, e com um ar de quem não tem muitas certezas, disse-me que sim. Ausentou-se do gabinete e eu fiquei entregue à prova. 
Dois minutos depois, regressa com ar aflito mas sempre muito simpática e diz-me: - Acho que não é suposto deixá-lo sozinho mas fique à vontade, eu vou estar por aqui. Não tardou muito, até a calculadora ficar sem bateria. Boa, e agora!?? Tinha um computador à frente mas achei que não seria a melhor opção, não fosse ela pensar que estava à procura das soluções na net :) Deveria pedir uma calculadora??? Mas tinham-me dito que tinha que levar a minha e a Matron estava com um ar mais perdido que eu. Pois bem, sem grandes cerimónias, saquei do telemóvel e toca a fazer contas!!!
Terminada a prova, fui apresentado à colega responsável pela unidade de AVC's que, logo de seguida me informou que também era portuguesa (sempre em inglês na presença de ingleses, claro)... Não imaginam como foi bom sentir-me, mesmo que por breves segundos, perto de casa. Alguém que sabia como se faz no meu país!!
Depois de uma espera de 15minutos na sala de pausas da enfermaria, onde pude ter uma agradável conversa com uma aluna de enfermagem, fui novamente chamado ao gabinete.
A Prova tinha corrido bem (o que eu já sabia) e iniciamos a entrevista. Tal como as entrevistas anteriores haviam as perguntas tipificadas e algumas perguntas práticas sobre resolução de conflitos, controlo de infecção, liderança, projectos, entre outras. Confesso que mais uma vez estava nervoso. Não me assustavam as perguntas pois para essas, os quase oito anos de experiência em Portugal, tinham-me deixado bem preparado. O que me era mais constrangedor era o inglês "enferrujado". A sensação que tinha mais para dizer e de que as palavras fugiam.
Finda a entrevista, foi-me apresentada mais uma enfermeira portuguesa. Esta por sua vez, com ar de poucos amigos e que no final se veio a revelar uma agradável surpresa, com direito a oferta de chávena de chá, em português e à frente de ingleses. Afinal, que  esperar de uma portuguesa! :)
Regressei à sala de pausa enquanto se decidia a minha sentença. Em cinco minutos tinha resposta positiva e a Matron disse-me: - Estava tão nervoso! Com a sua experiência tinha dúvidas que ficava?! Em que serviço quer ficar? 
Ao que respondi: - NEUROCIRURGIA

3 comentários:

  1. Olá. Posso deixar uma questão? É óbvio que os seus anos de experiência facilitaram a entrevista e as provas. No entanto, acha que o mesmo seria possível para um recém licenciado? Por outras palavras, considera que o recém licenciado se safaria com aproveitamento?

    Obrigada.

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  2. Olá Ana,
    claro que podes deixar uma questão. Este blogue pretende isso mesmo...partilha. Antes de te responder peço-te, trata-me por tu :)
    Então agora, respondendo à tua pergunta:
    Sinceramente acho que um recém-licenciado de Portugal, não teria grande dificuldade em fazer a prova. Como disse no post, os cálculos eram muito básicos. Cálculos com os quais um estudante de enfermagem português é massacrado todos os dias num estágio de pediatria, por exemplo. Os recursos humanos do hospital, quando me informaram da prova, enviaram-me uma série de sites para "praticar" cálculos e eu posso postar aqui, caso estejas interessada.
    Relativamente à parte teórica da restante prova, as questões andaram sempre à volta de medicação. Talvez esta seja a parte mais facilitada com os anos de experiência e em que aconselharia ao recém-licenciado uma revisão da terapêutica mais comum na terceira idade não esquecendo a especificidade do serviço a que se candidata (neste caso uma cirurgia). Diuréticos, anti-hipertensores, analgésicos, anti-coagulantes, antibióticos, barbitúricos, anti-arritmicos, opiáceos...
    Relativamente à entrevista, esta é feita com base no teu CV e experiência. As perguntas não são muito direccionadas mas eles vão sempre buscar alguma coisa relacionada com a tua experiência ou especificidade do serviço a que te candidatas. Alguns casos tipo que penso estarem à altura de um recém licenciado. Por exemplo, colocaram-me esta questão: Recebes o turno e chegas ao pé do doente que te foi atribuído e que tem uma hemiparésia esquerda. Está muito chateado e diz que vai apresentar uma queixa. Chamou a colega do turno anterior a dizer que precisava de ajuda porque tinha a fralda suja e a colega disse que já ía mas nunca apareceu. O que farias nesta situação?
    Acho que qualquer um, com algum bom senso e experiência, conseguiria responder assertivamente.
    Para concluir, penso que um recém licenciado sem dúvida se safaria com aproveitamento na prova escrita. Relativamente à entrevista, esta é uma coisa muito pessoal que vai depender muito dos conhecimentos e à vontade de cada um.

    Espero que tenhas ficado esclarecida e fica à vontade para colocar qualquer outra questão.

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  3. Boa tarde Enfermeiro!

    Sou uma recente colega sua e estou neste momento a considerar trabalhar no UK... Como não podia de ser, estou cheia de dúvidas!

    Tenho propostas tanto do público como do privado... Estou indecisa porque não sei qual deles será o melhor. Sabe se existem atualmente desvantagens tanto num como no outro?

    Mais uma questão... Submeti a documentação para o NMC am agosto e estou agora a aguardar o meu Pin, no entanto, fui informada que posso trabalhar sem o ter, mas como Band 3. O que acha disto?

    Agradeço a atenção e desejo-lhe toda a sorte como Enfermeiro no UK. Continue a escrever no blogue, pois deve ajudar muita gente!

    Cumps, Diana

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